AUTO-TRANSPLANTE E TRANSPLANTE HOMÓGENO DE TRAQUÉIA EM COELHO. COMPORTAMENTO CICATRICIAL E RESPOSTA À VENTILAÇÃO MECÂNICA.

CARVALHO, J.B.V.; GUIMARÃES, R.S.S.; OLIVEIRA, J.R.; DUARTE, A.B.B.; GUIDOUX, G.N.

Departamento de Cirurgia e Anestesiologia
Hospital Universitário Alzira Velano
Faculdade de Ciências Médicas da UNIFENAS

Métodos: Foram utilizados 40 (quarenta) coelhos adultos, machos, da raça Nova Zelândia, aparentemente sadios e com peso médio de 2,0 Kg, divididos em quatro grupos:G1- Animais submetidos ao transplante autólogo e segmento circunferencial de traquéia (n =10);G2 - Animais submetidos ao transplante autólogo de segmento total de traquéia (n =10);G3 - Animais submetidos ao transplante homógeno de segmento circunferencial da traquéia (n =10);G4 - Animais submetidos ao transplante homógeno de segmento total da traquéia (n = 10).
Como medicação pré-anestésica foram utilizados Sulfato de Atropina na dose de 0,01 Mg/Kg intramuscular e Cetamina na dose de 5-7 Mg/Kg intramuscular. Através de incisão mediana cervical anterior a traquéia foi exposta e retirado fragmento retangular de aproximadamente 1,5x 2,5 cm compreendendo três anéis traqueais, no terço médio da traquéia cervical e fixado novamente o segmento retirado ( auto-transplante circunferencial ) ou o correspondente de traquéia heteróloga das mesmas dimensões obtido de outro coelho com a mesma técnica descrita ( transplante homógeno circunferencial ).
Terminada a sutura, a consistência da anastomose foi testada deixando-se a mesma imersa em solução fisiológica e promovendo uma hipertensão na cânula de intubação, provavelmente colocada proximalmente à anastomose. No transplante homógeno total, um segmento total de traquéia compreendendo três anéis, serão retirados e transplantados em outro animal em tempos simultâneos. A técnica utilizada será a mesma descrita anteriormente.
Os coelhos foram anestesiados novamente em trinta dias e a resposta à ventilação mecânica testada através da hiper-pressão na cânula de intubação, testando-se novamente a consistência da anastomose e observando o surgimento de enfisema subcutâneo e outros sinais de ruptura traqueal.
Os segmentos transplantados foram retirados, imersos em solução de formol 10% e encaminhados para estudo anátomo-patológico com coloração de hematoxilina-eosina para verificação do comportamento cicatricial, verificação de rejeição, processo inflamatório e proliferação granulomatosa.

Resultados: Observou-se a ocorrência de fístula traqueal em 35 % dos auto-transplantes e em 64% dos transplantes homógenos de segmento total de traquéia. A presença das fístulas foi relacionada com a formação de reação de corpo estranho no local dos pontos de implante na traquéia.A resistência à pressão ventilatória mostrou-se estável nas primeiras duas semanas com ocorrência de fístulas após este período.Os autotransplantes e os transplantes de segmentos homógenos circunferenciais apresentaram melhor incorporação à trasquèia e menor número de fístulas( p<0,05).

Conclusão: Os trabalhos da literatura, evidenciam que grande número de investigações são desenvolvidas no intuito de encontrar um substituto ideal para a traquéia. A possibilidade do emprego de transplantes de traquéia para tratar complicações relacionadas à ventilação mecânica e substituição de segmentos ressecados por tumores desponta como uma possível alternativa em futuro próximo.